sexta-feira, 29 de junho de 2012

UNESP FRANCA: DEBATE SOBRE AS OPRESSÕES





Na Última Quinta-Feira, 28 de junho, foi realizado na UNESP Franca um importante debate sobre as opressões. A atividade é parte das oficinas de formação que o Centro Acadêmico de Serviço Social (CASS) vem organizando com o objetivo de preparar os estudantes para os debates que ocorrerão no Encontro Nacional de Serviço Social (ENESS), que será realizado no próximo mês na Paraíba.
O debate contou com a presença de Fauze e Virgínia, ambos militantes da LER-QI e do movimento LGBT. Fugindo à regra dos tradicionais debates sobre opressões, os debatedores buscaram explicar para a plateia de 40 pessoas que acompanhavam a discussão como foram construída as opressões de gênero, raça e orientação sexual. E mais, como o capitalismo, ao legitimar um padrão e uma normatização do corpo e da sexualidade, vem se utilizando dessas opressões para seguir dividindo a classe trabalhadora.
Destacamos durante o debate como é a opressão às mulheres, que seguem ganhando menos que os homens além de terem negado o direito a decidir sobre seus corpos, em especial às mulheres negras que são às que mais sofrem com violência. Também discutimos muito a enorme opressão à qual são submetidas as travestis, as quais muitas vezes são vítimas da violência policial, de grupos neonazistas, além das redes de prostituição já que muitas vezes este é o único emprego que as travestis conseguem.


Fauze e Virgínia levantaram a necessidade de que os grupos oprimidos se organizem de maneira independente do governo e dos partidos patronais, resgatando sua própria história de resistência e luta, e desde uma perspectiva revolucionária lute ombro a ombro com a classe trabalhadora para dar um combate a todas as formas de opressão e restrição ao pleno exercício da sexualidade.
Para nós da LER-QI o debate organizado pelo CASS foi uma grande iniciativa e deve ser repetido. É preciso aprofundar cada vez na universidade, escolas e fábricas uma luta incansável contra às opressões. É uma tarefa elementar para aqueles que lutam pela unidade das fileiras operárias e por uma sociedade sem opressores e oprimidos.
“Educação de qualidade é sem machismo e pela diversidade!”

2 comentários:

  1. Quero saudar o camarada Rafael pela iniciativa do blog e deixar algumas impressões.
    A oficina de do dia 28,com o palestrante Fauze e Virginia, para além de possibilitar conhecermos o debate sobre as opressões e homofobia teve um papel fundamental de desconstruir um antigo vicio na esquerda que é partamentalizar a discussão sobre opressões. Os palestrantes discutiram a questão de uma forma profunda e ampla, como uma questão de emancipação humana.

    Vemos em nosso cotidiano, e na forma como nossas vidas são organizadas, a alienação, a segmentação, o reducionismo dominarem toda nossa existência; não podemos dar respostas concretas e amplas sem rompermos com a miséria intelectual financiada pelo capitalismo. A Intervenção da camarada Virginia e do camarada Fauze vem mostrar como a luta contra a opressão traz em si, necessáriamente, a luta pelo fim da opressão em geral, ou seja, por uma nova sociedade, que por sua vez não tem sentido sem a emancipação do gênero humano como um todo. Por esse motivo mesmo as questões de opressão devem ser tratadas de uma forma classista.

    A defesa da classe operária como classe revolucionária não é simplesmente porque é a classe que sofre com a fome e a miséria,mas também porque é a classe que pode emancipar a humanidade em geral, pode emancipar a sociedade humana da exploração de classes.

    Não podemos combater às opressões raciais sem fazermos uma critica sobre o conceito de raça, assim como não podemos fazer uma critica às opressões de gênero sem fazermos uma critica ao conceito de gênero socialmente estabelecido; dai surge a riqueza com que Virginia e Fauze trataram o tema. Os gêneros, como construção humana, refletem, assim como tantas outras, as opressões historicamente produzidas nas sociedades, portanto estão preenchidas de antagonismos e contradições. Ainda que para a mulher e o homem a questão de gênero está dentro de uma dicotomia, homem e mulher, mas manter a questão da sexualidade e dos convívios e caracteres humanos diversos dentro desses dois polos é um reducionismo gritante! Vemos as marchas gays, mesmo que muito amplas e com grande adesão, terem dentro de si uma contradição mortal: a travesti é sempre mostrada, por exemplo, como uma individualidade buscando o gênero feminino, sempre no superlativo ao gênero normativo. Virginia e Fauze souberam demostrar, de uma forma clara e exemplificável, como é profunda a opressão existente nos corpos e mentes das travestis e de outros transgêneros para se enquadrarem em uma lógica reducionista, a miséria sexual. Mas souberam bem apontar como essa opressão limita, ainda que em níveis distintos, todo o gênero humano; dai tratarmos do tema partido de uma visão emancipatória, portanto classista.

    Por tratar de um comentário, termino aqui, mas o tema e as tarefas são grandes. Por hora, assim como disse Rafael, vale parabenizar o CASS (Centro Acadêmico de Serviço Social) e que o exemplo sirva de parâmetro para as demais entidades, assim como para o movimento estudantil de conjunto.

    Abraços e saudações

    RN.

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  2. Saudações camaradas,
    Gostaria de agradecer mais uma vez o convite dessa atividade. Fico feliz de estarmos resgatando o fio de continuidade deixado por Stone Wall, Panteras Negras, por Flora Tristan, Louise Michel, o grupo Somos e demais movimentos e personagens que dedicaram suas vidas para estes debates. É importante conseguirmos resgatar esse sentimento principista e ligá-lo a uma estratégia para derrotar o capital. Entender as opressões como pilares do sistema que entende a vida como mercadoria e a vende, como somos submetidas a nos vender, é vital para os revolucionários.

    Assim como nossos companheiros da Juventude do PTS, que se organizam numa juventude LGBT que se difere das demais organizações e ativistas LGBTS - alguns ligados ao governo K, outros independentes do governo -, por seu programa revolucionário. Quanto mais trotskystas formos, mais preto, mais feminino, mais LGBT seremos. Quanto mais marxistas com predominância estratégica formos, mais um partido de massas seremos.

    A tarefa que hoje nos colocamos é de derrotar o capital. Saiamos da defensiva, do confortável e iremos dar nossa cara, corpo e combate até derrotá-lo.

    AVANTE!

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