sexta-feira, 6 de julho de 2012

PERÚ: BRUTAL REPRESSÃO NA REGIÃO DE CAJAMARCA CONTRA OS CAMPONESES. ENQUANTO ISSO AQUI NO BRASIL ORGANIZAÇÕES COMO A CONSULTA POPULAR E A DIREÇÃO DO MST SEGUEM EM SILÊNCIO E APOIANDO ESSES GOVERNOS FALSAMENTE CHAMADOS DE "PROGRESSISTAS"


Abaixo o Estado de Emergência de Ollanta Humala

PERÚ: BRUTAL REPRESSÃO NA REGIÃO DE CAJAMARCA





5 de julho de 2012
Por: Eduardo Molina

Em 3 de julho a repressão policial contra os manifestantes que protestavam contra o megaprojeto de mineração Conga e que haviam ocupado a prefeitura de Celendín deixou um saldo de 4 mortos, duas dezenas de feridos e vários detenções. Depois disso, o Governo de Ollanta Humala recorreu, pela segunda vez, ao Estado de Emergência, agora em três províncias do departamento de Cajamarca, em uma nova tentativa de derrotar a manifestação de massas que já dura mais de um mês, com greves e mobilizações regionais, e que conseguiu paralisar provisoriamente as obras desde novembro do ano passado. Desde quando Ollanta assumiu o governo várias pessoas já morreram em consequência da reiterada repressão às mobilizações contra depredação causada pelas mineradoras transnacionais, como na região de Espinar-Cusco e em outras áreas. 
A empresa norte-americana Newmont é a principal investidora do gigantesco projeto de extração de ouro e cobre na região de Conga, com um investimento de 4,8 bilhões de dólares. O projeto se choca com a oposição camponesa e popular de toda a região pelas nefastas consequências ambientais causadas pela sua tecnologia altamente contaminante e também pelo enorme volume de água que será utilizado, afetando as plantações, os pastos e a saúde da população. Nos últimos anos o avanço das grandes mineradoras, utilizando métodos que criam escassos empregos, mas envenenam as águas e a terra têm despertado a crescente oposição das comunidades e povos afetados. 

O “nacionalista” Ollanta Humala subiu ao poder em julho de 2011 depois de vencer as eleições com o apoio da esquerda reformista (partido comunista, setores maoístas, etc). Sua defesa do projeto Conga e de Newmont e seu giro repressivo são coerentes com os pactos que tem mantido com as transnacionais mineradoras e petroleiras para manter o “modelo” exportador, baseado na perda de soberania e nos baixos salários, sob o qual os empresários nacionais e estrangeiros acumulam enormes lucros enquanto os operários, camponeses e o povo sofrem com os baixos salários, desemprego e péssimas condições de vida.
A luta contra a degradação causada pelas mineradoras tem se transformado em um importante avanço na experiência com o governo “progressista” e “nacionalista” de Humala e suas promessas vazias. Os protestos contra Conga e outros megaprojetos tem conquistado a simpatia e apoio de diversos setores populares e regiões do país, mesmo com a cínica campanha da mídia direitista e do governo e a linha conciliadora das principais direções sindicais, como a CGTP (confederação geral dos trabalhadores do Perú), e da esquerda, como o Partido Comunista, que mantem seu apoio político, mais ou menos crítico, ao governo de Humala. É necessário solidarizar-se com a luta em Cajamarca e denunciar a repressão e o Estado de Emergência do Governo. Projetos de mineração como o de Conga são, na maioria das vezes, promovidos e patrocinados diretamente pelos ditos governos “progressistas” da região que veem uma fonte rentável (principalmente agora com a crise econômica mundial que tem causado uma alta nos preços dos minerais). Desse modo, abrem as portas para as grandes multinacionais mineradoras saquearem as riquezas do subsolo com métodos depredatórios pensados somente para maximizar os lucros deixando uma devastação ambiental, o que desperta uma crescente e legítima oposição popular. A nacionalização da mineração sob o controle dos trabalhadores para pô-la em funcionamento segundo um plano que contemple os interesses dos camponeses e outros setores afetados é a única forma de colocá-la a serviço das necessidades populares e também limitar seus efeitos ambientais. 

Tradução: Rafael dos santos

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