quinta-feira, 8 de novembro de 2012

GREVE GERAL DE 48 HORAS NA GRÉCIA


Por: Josefina Martínez (do site do PTS, organização irmã da LER-QI na Argentina)




A Grécia amanheceu novamente paralisada em decorrência da greve geral. Dos seus emblemáticos portos não zarpou nenhuma embarcação,  nas fábricas a adesão foi massiva e não houve circulação de transporte nas principais cidades. Em cada repartição pública, nos hospitais, nos bancos, nas escolas e universidades houve, nesses 6 e 7 de novembro, um forte apoio à greve convocada pelos principais sindicatos do setor privado (GSEE) e público (ADEDY) juntamente com o “PAME” ( Frente Militante de todos os trabalhadores) que é dirigido pelo KKE (Partido Comunista da Grécia)
Dezenas de milhares de pessoas se participaram das mobilizações na Terça e Quarta-Feira. É a sexta greve geral convocada no ano e já se somam 25 dias de greve geral desde o começo da crise em 2009. A greve geral de 48 horas é uma resposta aos novos ajustes draconianos que o governo de Samaras (primeiro ministro grego) pretende impor, sob a pressão da Troika (União Europeia, Banco Central europeu e o FMI). Este pacote de medidas é conhecido como “terceiro memorando” e inclui a elevação da idade para se aposentar, redução do valor das pensões (até 25%), redução de salários aos funcionários públicos, fim do pagamento dos benefícios de fim de ano e das bonificações, etc. Junto a tudo isso haverá, no próximo dia 11, a votação do orçamento para 2013 com redução nos investimentos na educação, saúde e serviços sociais.



Além disso, se anunciam a demissão de 25.000 funcionários públicos até 2013, enquanto no setor privado acabam com as premiações por tempo de serviço e amenizam as exigências para demissões, aumentando as tarifas dos serviços públicos e os impostos para os pequenos produtores. Desse modo, pretende-se “economizar” 13,5 bilhões de euros. É o que exige a Troika para desbloquear os 31,5 bilhões de euros previstos nos pacotes de ajuda à Grécia, para que esta siga pagando as suas dívidas. Enquanto isso dia-a-dia aumenta o desprestigio do governo de Samaras, cujo partido “Nova Democracia” governa em coalização com o “PASOK” (partido socialista) e a “Esquerda Democrática”. A crise dessa coalização se expressa no fato de que contam apenas com o número mínimo de deputados para aprovar tais medidas. As últimas pesquisas de intenção de voto mostram uma queda profunda do PASOK (que passou de 44% em 2009 para 12% em junho deste ano e que, hoje, poderia estar próximo a 6%). Com uma taxa de desemprego de 25% e um enorme deterioração das condições de vida da população a situação tem se tornado cada vez mais crítica.
Nesse marco, aumenta a polarização política e o crescimento de alternativas pela esquerda e pela direita. Os neonazistas do “Aurora Dourada” utilizam um discurso demagógico e nacionalista, enquanto organizam ataques contra os imigrantes. Em outro polo continua o fortalecimento da esquerda reformista –Syriza- que levanta um programa de reformas dentro dos marcos da União Europeia e vem aprofundando um giro à “moderação” querendo se mostrar como alternativa de governo aceitável para os capitalistas. As medidas isoladas e de “pressão” da burocracia sindical são complemente insuficientes diante da catástrofe que recai sobre o povo grego. No próximo dia 14 de Novembro (quando se realizará greves gerais e mobilizações em Portugal, Estado Espanhol, Chipre, Malta, Itália e Grécia) ocorrerá uma nova onda de resistência europeia contra os planos de austeridade dos governos e da Troika. É necessário, então, que essa greve seja o inicio de um plano de luta generalizado ligado à necessidade de levantar um programa operário e popular para a crise.


Nenhum comentário:

Postar um comentário