domingo, 10 de março de 2013

SEMANA DO CALOURO NA UNESP FRANCA REÚNE CENTENAS DE ESTUDANTES PARA DEBATER A CRISE ECONÔMICA, SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO E A CRIMINALIZAÇÃO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS

Na semana passada foi realizada a “calourada” da UNESP Franca. Em quatro dias de debates centenas de estudantes ingressantes e veteranos acompanharam as mesas sobre crise econômica, cotas raciais, acesso e permanência estudantil e criminalização dos movimentos sociais. Durante toda a semana o anfiteatro permaneceu lotado com muitos calouros acompanhando os debates com muita atenção e também participando das palestras através de intervenções, perguntas e colaborações ao debate.

Já na Segunda (04/03) mais de 300 estudantes acompanharam o debate sobre a crise econômica e seus reflexos na sociedade. Simone Ishibashi, socióloga e membro do conselho editorial da revista Estratégia Internacional, compôs a mesa com os professores José Fernando (serviço social) e Elizabeth Sanches (relações internacionais). Os professores destacaram o potencial da crise para gerar mudanças de valores e também como os setores financistas são justamente os que mais lucram com essa. Simone explicou que “a crise econômica internacional, com seus desdobramentos sociais e políticos, sobretudo, com as mobilizações da primavera árabe e os duros combates levados à cabo pela classe operária e a juventude européia, com destaque para a Grécia e Espanha, mostram a falácia dos concepções teóricos reacionárias que advogavam a idéia do fim da história e das lutas sociais e a vitória histórica do capitalismo.” A socióloga, que também é dirigente da Liga Estratégia Internacional (LER-QI), encerrou sua intervenção mostrando que o “Brasil não está imune aos efeitos da crise e que as áreas sociais, sobretudo a educação, serão atacadas pelos governos e empresários para garantirem seus lucros.” E concluiu convidando “os estudantes para se organizarem e construírem um movimento estudantil combativo e aliado aos trabalhadores para frear os ataques dos grandes capitalistas”.

Na terça e na Quarta, também com o anfiteatro lotado, os estudantes acompanharam o debate sobre cotas e permanência estudantil, respectivamente. Os debates auxiliaram os estudantes ingressantes a refletir sobre a importância de questionar as formas de acesso à universidade e o caráter elitista e racista desta. O destaque ficou com a intervenção da companheira Maira, estudante de serviço social, que relatou a luta pela moradia e pela permanência estudantil na Unesp Franca e denunciou a completa omissão da direção da faculdade e da reitoria da universidade para garantir condições de estudo para as pessoas portadoras de necessidades especiais.


Por fim, na Quinta Feira (07/03) foi realizado o debate sobre a criminalização dos movimentos sociais. Essa foi uma das mesas mais aguardadas, pois na UNESP Franca, como exemplo da criminalização das lutas sociais, 31 estudantes estão sofrendo com repressão e perseguição da direção depois que realizaram um ato com de 250 pessoas para repudiar a presença de figuras (D. Bertrand e Sepúlveda) homofóbicas, racistas e que fazem a defesa pública de milícias para assassinar sem terras.  

A mesa foi composta pela professora e feminista Lola Aronovich, por Anselmo, estudioso e militante LGBT e por Domenico, diretor do Sindicato dos trabalhadores da USP (SINTUSP). Também compuseram a mesa dois companheiros representando o grupo dos 31 estudantes sindicados e perseguidos pela direção da UNESP Franca.
Lola relatou a luta do movimento feminista e a repressão e os ataques dos setores conservadores aos direitos das mulheres. Anselmo focou numa intervenção para a formação em relação a temática LGBT, desconstruindo valores e preconceitos e apresentando dados da gritante violência contra os homossexuais. Domenico relatou a luta dos estudantes, funcionários e professores da USP contra a repressão do reitor João Grandino Rodas. Explicou que o governo do Estado de São Paulo, por via do Ministério Público, denunciou 72 estudantes por crime de manuseio de explosivos, depredação e formação de quadrilha. Além disso, denunciou que os membros do SINTUSP são vitimas de inúmeros processos administrativos e criminais por lutarem em defesa da universidade pública. 

Para Domenico “a situação internacional, com crises e convulsões sociais em outros países, coloca a necessidade da burguesia e do governo brasileiro se preparar e lançar uma ofensiva contra os setores e movimentos que resistem aos ataques econômicos e sociais. Os assassinatos de lideranças do MST, o uso de militares contra os operários em greve nas obras do PAC e dos estádios para a Copa e a violência militar contra o movimento estudantil, como na USP e recentemente na UFMT, mostram a necessidade de organizar uma grande Campanha nacional contra a repressão aos lutadores e contra a criminalização dos movimentos sociais.” Ativistas que acompanhavam o debate no plenário lembraram a repressão policial sistemática que sofrem a população pobre e negra das periferias brasileiras. Os dados oficiais de mortes causadas pela polícia brasileira mostram que há um verdadeiro genocídio em curso contra os pobres e negros do Brasil.
A semana do calouro em Franca foi, sem dúvidas, um importante espaço de discussão, formação teórico/política e organização das lutas do movimento estudantil. Desse modo, os estudantes de Franca dão um importante passo para reorganizar um movimento estudantil combativo, aliado aos trabalhadores da cidade e que terá força não só para barrar a perseguição e repressão da direção da faculdade, mas também terá força para lutar por uma universidade realmente pública, gratuita e a serviço das necessidades dos trabalhadores e do povo pobre.      



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