terça-feira, 6 de agosto de 2013

RESGATAR A RESISTÊNCIA DO PASSADO PARA CONSTRUIR AS LUTAS DO PRESENTE: 45 ANOS DA GREVE DA COBRASMA EM OSASCO!

No mês passado lembramos os 45 anos da grande greve dos operários da Cobrasma, em Osasco, região da Grande São Paulo. Na ocasião, no dia 16 de julho de 1968, milhares de operários dessa fábrica, dirigidos pelo então presidente do sindicato dos metalúrgicos de Osasco, José Ibrahim, resolveram deflagrar uma greve, com ocupação de parte das instalações da fábrica, contra as sucessivas e arbitrárias intervenções da ditadura nos sindicatos e também contra a política econômica dos militares que, a partir de um forte arrocho salarial e níveis insuportáveis de exploração nas linhas de produção, favorecia diretamente as grandes empresas estrangeiras e arrastava a classe trabalhadora para níveis de extrema pobreza.

O golpe cívico-militar de Março de 1964, orquestrado por setores da burguesia brasileira em estreita colaboração com o imperialismo norte-americano, havia aberto um período de extrema repressão ao movimento operário organizado e uma perseguição implacável aos dirigentes sindicais que minimamente estivessem dispostos a lutar por melhores condições de trabalho. Tratava-se, para a burguesia e seus agentes militares, naquele momento, de impedir qualquer mobilização ou questionamento ao modelo econômico que formaria as bases daquilo que, alguns anos mais tarde, viria a ser conhecido como “milagre econômico”, um modelo de lucros fabulosos para a burguesia com aumento vertiginoso da desigualdade social.
A violência das forças repressivas da Ditadura era acompanhada por uma política estatal de incentivo ao desenvolvimento de um tipo de sindicalismo pelego, distante das bases, completamente atrelado aos patrões e ao Estado cujo objetivo máximo era a garantia da estabilidade política para a classe dominante.
Em Osasco, entretanto, no ano de 1967, a oposição sindical da categoria dos metalúrgicos conseguiu se organizar e vencer os pelegos ligados aos militares. Agora, com um sindicato mais combativo, democrático e atuante, começou a ganhar corpo entre os operários da categoria, sobretudo nos funcionários da Cobrasma, a idéia de organizar uma greve e uma ocupação da fábrica contra a política econômica dos militares e o arrocho salarial. Em 1968, ano de uma importante ofensiva do movimento de massas a nível internacional, os operários da Cobrasma, influenciados pela greve dos operários do setor siderúrgico de Contagem/MG ocorrida no mês de Abril desse mesmo ano, iniciaram, na manhã do dia 16 de julho, a paralisação da produção e ocupação da fábrica. 

A greve foi duramente reprimida. Mesmo com a forte resistência dos operários, as forças de repressão do governo retomaram a fábrica e prenderam dezenas de trabalhadores e membros do sindicato. Para a ditadura militar brasileira era fundamental a repressão contra esses operários que ousavam desafiar o regime e questionar sua política econômica conservadora. Entretanto, mesmo derrotada, a luta dos operários de Osasco deixou marcas profundas na realidade política da época e foi determinante para o surgimento, uma década depois, de um novo processo de resistência operária contra a Ditadura, dessa vez na região do ABC paulista e que deu origem, posteriormente, ao PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Não há a menor dúvida que a luta dos operários de Osasco em 1968 foi uma das batalhas mais importante da classe operária brasileira. A greve dos operários da Cobrasma, assim como a greve dos trabalhadores de Contagem/MG, merece um lugar de destaque na História do país, pois marcou, sem dúvida, os primeiros passos da resistência contra a Ditadura brasileira.

Hoje, 45 anos após a heróica luta dos operários da Cobrasma, não vivemos mais em um regime ditatorial, mas ainda sim há muita exploração e assédio nas fábricas e o governo, agora com Dilma e o PT à frente, mantém uma política econômica que só beneficia os grandes empresários, o agro-negócio e os banqueiros. A classe trabalhadora brasileira, cada vez mais, acumula dívidas para poder consumir. Os serviços públicos, como a saúde e a educação, vivem um verdadeiro caos, enquanto bilhões são investidos em estádios luxuosos para os turistas ricos que virão para o Brasil durante a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. É contra todo esse esquema espúrio e essa situação precária que milhões saíram às ruas em todo o Brasil durante o mês de Junho. A classe trabalhadora também é parte ativa desse mesmo processo de luta e no último dia 11 de julho protagonizou uma forte mobilização nacional com greves e protestos por todo o país.
No próximo dia 30 de Agosto a CSP-Conlutas e demais centrais sindicais estão organizando um novo dia de mobilização. Um dia para paralisar todas as categorias do país e exigir mais uma vez do governo menos dinheiro para copa e mais para a saúde e educação, redução da jornada de trabalho sem diminuição do salário, fim das privatizações, reforma agrária e outros pontos que interessam a nossa classe.

A classe trabalhadora de Osasco e Região, que como vimos já protagonizou lutas de importância histórica, está mais uma vez convocada a entrar em cena e se somar a essa luta. A melhor forma de honrar o grandioso passado de lutas dos trabalhadores de Osasco é justamente construir a luta no presente em nossa cidade. Metalúrgicos, operários químicos, professores, funcionários públicos, profissionais da saúde e do comércio devem discutir em seus locais de trabalho a proposta de paralisação e exigir dos seus sindicatos que estejam nessa luta. Com toda certeza, no próximo dia 30 de agosto, os trabalhadores de Osasco e Região escreverão mais um capítulo da sua rica história de luta.    

     

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