quarta-feira, 2 de outubro de 2013

BREVE OPINIÃO: NOVOS PARTIDOS E O REGIME POLÍTICO BRASILEIRO


Na última semana dois novos partidos foram registrados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Partido Republicano da Ordem Social (PROS) e o "Solidariedade". O primeiro, fundado pelo desconhecido ex vereador Eurípedes Gomes, tem como principal mote a criação de um imposto único. Já o Solidariedade foi impulsionado pelo "Paulinho da Força" (presidente da burocrática Força Sindical) juntamente com outros setores do PDT e do PSB (Ciro e Cid Gomes) insatisfeitos com o Governo Federal.
O PROS, ao que tudo indica, deve compor a base governista. E não poderia ser diferente. Conforme informação do Jornal O Estado de São Paulo um dos principais apoiadores político-financeiro desse novo partido é José Batista Jr, um dos donos da FRIBOI, a maior indústria de carnes do mundo e também umas das principais doadoras para as campanhas eleitorais do PT. O PROS, desse modo, se junta a longa lista de micro partidos empresariais que compõem a base do governo para levar a frente medidas de ataques aos direitos sociais e trabalhistas e agraciar o empresariado com inúmeras concessões, incentivos e crédito.
Já o "Solidariedade", que deverá contar desde seu início com algumas dezenas de parlamentares (provenientes dos mais variados partidos burgueses) deverá compor a base da oposição burguesa (PSDB, DEM e PPS). A agremiação, que omite a palavra partido em seu nome para tentar surfar numa suposta onda apartidária, é uma miscelânea de políticos provenientes da burocracia sindical e do empresariado. Em seu programa deixa claro que sua meta é a "defesa" dos trabalhadores a partir da defesa do setor produtivo, ou seja, vultuosos incentivos aos grandes empresários e apoio aos medidas de flexibilização dos direitos trabalhistas. Tudo isso em nome de uma suposta modernização das relações de trabalho. Uma grande ladainha para justificar a precarização e a superexploração da classe trabalhadora.

O projeto de Marina Silva ameaçado

 Nos próximos dias o TSE irá julgar o registro da "Rede Sustentabilidade", agremiação fundada por Marina Silva (ex-PT e ex-PV) para concorrer as eleições de 2014. A "Rede", que tenta aparecer como algo novo na política, é apoiada e sustentada por setores da velha e suja política patronal. Não por acaso um dos principais nomes dessa nova empreitada de Marina é Alberto Goldman (ex vice-governador pelo PSDB). Além disso, um dos principais financiadores do "Rede" é a empresa de cosméticos Natura, conhecida pelos inúmeros casos de assédio e pela superexploração dos funcionários de suas fábricas. O "Rede" defende o chamado "capitalismo verde". Uma proposta utópica, cínica e reacionária de "preservar" o meio ambiente junto com as grandes empresas e setores do agronegócio, justamente os que mais poluem e destroem o meio ambiente. 
Entretanto, nos bastidores do Congresso e da justiça eleitoral tudo indica que o TSE deve negar nos próximos dias o registro ao partido de Marina. A alegação é que a agremiação de Marina não conseguiu atingir o número de assinaturas necessárias para a validação do partido. Todavia, está claro que o PT, assim como a própria oposição burguesa, batalharam para que o "Rede" não fosse regularizado, pois Marina seria um risco às candidaturas de Dilma (PT) e Aécio (PSDB). 

A polêmica sobre a criação de novos partidos e regime político brasileiro

A criação desses novos partidos abriu um debate, nos principais meios de comunicação da burguesia, sobre a necessidade de restringir a criação de novos partidos. Afinal já são 32 partidos registrados no TSE. 
Em outras palavras, para as cúpulas dos partidos patronais e os analistas da burguesia a salvação do regime político brasileiro, avesso à participação das massas na vida política do país e conivente com esquemas sujos de caixa dois e doações de empresas aos grandes partidos burgueses, se daria a partir da implementação de medidas antidemocráticas para inviabilizar a criação de novos partidos.
O que a mídia e os cientistas políticos da burguesia omitem é que a maioria desses partidos possuem sedes diferentes, jornais diferentes, siglas diferentes, mas, em última instância, com raríssimas exceções, defendem os mesmos interesses de classe. 
O fato de que a cada ano sejam criados mais partidos de aluguéis não pode ser utilizado como argumento para limitar o já limitadíssima e antidemocrático regime político brasileiro.   

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